Por Mauricio Santaliestra
Proibido cópia ou reprodução - Lei 9.610/98
Filosofia profissional
Conhecer para cuidar. Cuidar para prevenir. Previnir para preservar.
Como poucos sabem, a árvore é um ser vivo complexo e como tal deve ser tratada. Em todo seu ciclo de vida e morte, são desencadeadas complexas reações morfológicas e fisiológicas que vão de químicas a hormonais, em busca do fortalecimento estrutural e do equilíbrio nutricional e fitossanitário, para sobrevivência e perpetuação da espécie.
Conhecer as particularidades das causas, dos sintomas e das reações das árvores é o que faz do arborista Mauricio Santaliestra um profissional capacitado para analisar, identificar e executar as atividades de manejo adequado, objetivando a fitossanidade, a estrutura, a segurança e a longevidade de vida da árvore.
Para isso, existem métodos técnicos para análise de risco, realização de cortes de poda, implantação de reforços estruturais, nutrição do solo e tratamentos de pragas e doenças.
Tão importante quanto o manejo de partes vivas da árvore, a remoção de partes mortas também oferece segurança evitando acidentes por quedas de galhos e minimizando a exposição do tronco para ataques de fitopatógenos.
Em muitos casos pode-se priorizar a manutenção da árvore em pé e apenas em última instância, recorrer a supressão e a compensação ambiental. Grosso modo, a maior causa de declínio, queda e morte de árvores estão relacionadas à estrutura do solo - principalmente - e ao manejo das podas.
Impermeabilização, estrangulamento, cobertura do colo e falta de nutrientes levam ao estresse e declínio da árvore, deixando-a mais suscetível às alterações climáticas e exposta a ataques de fitopatógenos.
Por sua vez, podas inadequadas geram hiper brotações e brotações epicórmicas, ambas de frágil ligação com o tronco e propícias a quedas, causam desequilíbrio estrutural, levam ao estresse e também criam condições favoráveis aos ataques de fitopatógenos.
Assim sendo, o manejo arbóreo deve ser realizado com conhecimento e técnica, visando a "saúde" e a estrutura da árvore. Em contrapartida, os resultados obtidos serão segurança e beleza à propriedade.
Quando fala-se em “valoração” de uma árvore, significa especificar um valor a ela, convertido em moeda, baseado no que são os denominados “serviços ecossistêmicos” que uma árvore fornece para a cidade, para nós humanos e para o meio ambiente.
Serviços ecossistêmicos
Dentre muitos, os principais serviços ecossistêmicos são:
De volta a valoração da árvore, pesquisas realizadas na Califórnia, Estados Unidos, estimam valorização e economia nas respectivas áreas e valores, em dólares, por ano:
Já no Japão, institui-se o contato com florestas como parte de tratamentos de saúde pública, por comprovadamente contribuir para:
Valoração da árvore é um conceito recente no Brasil mas adotado há muitos anos em países europeus e Estados Unidos.
No Brasil, Dr. Demóstenes Ferreira da Silva Filho, Engº Florestal e pesquisador da ESALQ/USP de Piracicaba/SP, desenvolveu melhoramentos no cálculo da valoração da árvore, incluindo dados antes não considerados, como “saúde”, envelhecimento e a raridade da espécie.
Para a prefeitura de São Paulo, Demóstenes realizou o inventário e a valoração das árvores do Parque Ibirapuera: R$94 milhões (valores não atualizados)!
IMPORTANTE: uma árvore de grande porte vale 16 vezes mais que um arbusto ou árvore pequena, pelos seus serviços ecossistêmicos prestados a sociedade!
Ilhas de calor
Também na cidade de São Paulo, utilizando câmeras termográficas que indicam as áreas mais e menos quentes, outro estudo de Demóstenes identificou variações térmicas que saíam de 27ºC nas áreas verdes, para até incríveis 53ºC em áreas asfaltadas sem proteção arbórea.
Esse método de estudo facilita identificar dentro da área urbana onde encontram-se as ilhas de calor, de forma a priorizar o plantio nessas regiões.
Ilhas de calor, áreas urbanizadas e as tempestades
As tempestades atualmente comuns em grandes centros urbanos estão diretamente relacionadas a falta de arborização por serem importantes reguladoras de temperatura, evitando o calor excessivo.
Fisicamente é muito simples de entender:
1 - O calor diminui a pressão atmosférica.
2 - A pressão atmosférica menor aumenta a velocidade do vento e a precipitação de chuvas.
Resultado: chuvas com alto volume pluviométrico e ventos fortes, localizadas sobre as ilhas de calor.
Quando fala-se em manejo arbóreo, a árvore não pode ser encarada como um objeto inanimado e sem função. É necessário uma visão ampla e minuciosa sobre o ecossistema em que ela está inserida, conhecer sua importância para o equilíbrio desse ecossistema, e reconhecer seus benefícios à sociedade.
Dentro de sua complexidade, a árvore alimenta-se do solo e alimenta o solo. Alimenta-se da água e alimenta a água. Alimenta-se do ar e alimenta o ar.
O sistema radicular absorve água e nutrientes do solo que são conduzidos pelo Xilema na forma de seiva bruta até as folhas que, após a fotossíntese, são distribuídas por toda sua extensão pelo Floema, chegando novamente às raízes e ao solo na forma de seiva elaborada.
A seiva elaborada na forma de glicose e amido, são alimento e reserva energética da árvore e também de microrganismos que nela habitam, fonte de crescimento das raízes e da integração junto as reízes, de fungos benéficos.
Os fungos alimentam outros microrganismos, que por sua vez, alimentam insetos que alimentam animais. Todos esses microrganismos, insetos e animais interagindo juntos no solo, transformam matéria orgânica morta em composto orgânico rico em nutrientes, que alimentam o solo, a árvore e as plantas e os insetos, que alimentam os animais.
Dentro dessa cadeia, os animais e aves são importantes controladores das populações de insetos - com destaque aos morcegos -, revolvedores e adubadores do solo, e grandes dispersores naturais de sementes.
Na florada da árvore forma-se um vasto pasto melífero que alimenta dezenas de espécies de abelhas, que polinizam as flores que frutificam, que alimentam mais insetos, que alimentam mais animais e que alimentam até a nós, humanos.
As folhas que absorvem gás carbônico da atmosfera e nos alimentam com o oxigênio através da fotossíntese, também umedecem o ar e alimentam a precipitação de nuvens pela evapotranspiração da água absorvida do solo, realimentando então, o solo, o lençol freático, os mananciais, os rios e a si mesma, com a água da chuva.
A estrutura da árvore como um todo, é ainda local de pouso e aninhamento de diversas espécies, com destaque às aves, mas também mamíferos e plantas epífitas como bromélias, orquídeas e outras, criando verdadeiros jardins suspensos.
Árvores são, ainda, verdadeiras farmácias a céu aberto, nas quais o conhecimento específico pode encontrar muitas curas nas folhas, cascas, raízes e seivas.
Quanto mais árvores na cidade, mais saudável ela se torna!